À ATENÇÃO DE TODOS, ESPECIALMENTE DOS MAIS IDOSOS:
Já
não é nova, esta situação, mas está actualmente em prática, nomeadamente, na
cidade de Setúbal. Vou descrever, resumidamente, quatro ocorrências em que fui
envolvido. Não posso precisar datas, mas a primeira ocorreu há mais de 10 anos
e a última há cerca de seis meses:
1
– Indo a passar por um carro parado, junto à agência do Sottomayor, na Avenida
D. Afonso Henriques, em Almada, com o presumível ocupante junto dele, fui
abordado por este indivíduo, que encetou o diálogo:
- Senhor Machête, como está?
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Cuidado com os burlões (imagem do Google) |
- Bem, obrigado!...
- Não se recorda de mim…
- …
- … eu vinha aqui muito, à
Agência, quando era pequeno, ter com o meu tio…
- Não me recordo. Nem sei a quem
se refere como seu tio…
- O seu colega Oliveira! Sou o
sobrinho que, em pequeno, vinha ter com ele muitas vezes…
- Não me lembro de nenhum
sobrinho desse meu colega, muito menos que o visitasse…
- É natural. Já passaram uns anos
valentes!... mas eu nunca me esqueci de si, mesmo imigrado em França. Voltei há
dias e até lhe trouxe uma prenda. (e
foi ao carro buscar uma caixa que abriu, na qual se encontravam dois relógios). Um para si e o outro para a sua esposa.
- Muito obrigado, mas nem eu nem
a minha mulher iremos usar nenhum desses relógios, porque não necessitamos.
Decerto tem mais amigos e talvez se tenha esquecido de lhes trazer qualquer
coisa… Cumprimentos ao seu tio!...
E
aproveitando o efeito de surpresa, afastei-me do local. O “amigo” entrou no
carro e pôs-se a milhas…
Vi
que havia algo de errado assim que ele me disse ser sobrinho de alguém que eu
sabia não ter qualquer sobrinho, o que me permitiu controlar a situação e
escolher o momento melhor para sair do local, quando houvesse gente a passar
muito perto de nós…
2
– Próximo do local anterior, também em Almada, na Praça Gil Vicente:
- Machête, estás bom!...
O
tipo que se me dirigia aparentava ter aproximadamente a minha idade, era magro,
com muito sol responsável pela tez bronzeada, cabelo “máquina três”, grisalho.
Trazia na mão um saco de plástico.
- …não te lembras de mim?
- Sinceramente, não…
- Sou o Ferreira, trabalhava aqui
nesta Agência, quando tu entraste para o Banco, fui semanas depois para Lisboa.
Não te lembras?
- Não, por esse nome só me lembro
do colega que entrou depois de mim e que ainda aqui trabalha.
- Pois… já passaram tantos anos e
nunca mais nos vimos. Mas tu estás na mesma! Com os anos em cima mas assim que
te vi reconheci-te. Olha, fui fazer uma compra na perfumaria, aqui mesmo ao
lado da farmácia e ofereceram-me este perfume para senhora (e tirou um embrulho do saco). Eu sou viúvo e não tenho a quem o dar.
Leva-o para a tua mulher.
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Os idosos são o alvo preferencial ( gravura do Google) |
- Eh, pá! Fico agradecido como se
aceitasse, mas a minha mulher só usa uma marca de perfumes, que não será essa, Se
fosse, seria demasiado cara para ser oferecida como brinde…
E
deixei-o de imediato…
Ponto
mais fraco da história: Lembrava-me dos nomes de todos os colegas que estavam
na agência no meu primeiro dia de trabalho e não havia nenhum Ferreira.
3
– No parque de estacionamento exterior, no Continente, no Fogueteiro, Seixal.
Ia a passar por um carro parado, perpendicularmente aos que estavam,
estacionados, quando alguém que estava no interior do carro me chamou.
- … Lembra-se do seu colega
Augusto que trabalhou consigo na agência do Banco?
- …
- Sou o sobrinho dele que emigrou para França.
Voltei e vou abrir um restaurante, no dia 1. Gostava que fosse um dos primeiros
clientes. (e
passou a descrever a localização exacta do restaurante, logo ali abaixo, naquela rua, virando à esquerda. É facilmente
identificado pelo toldo, amarelo…). Faça-me
uma visita, no dia da abertura, e leve a família!
- Se me for possível, lá estarei…
Já agora tenho ali uma coisa que
lhe deve interessar. Trouxe de França (e
já tinha saído do carro, aberto a mala e tirado uma caixa, que pela rotulagem,
devia conter uma máquina fotográfica de uma conceituada marca e alto preço.) Não a vou utilizar mais, porque o
restaurante não me vai dar tempo, mas, para si fica-lhe por dez contos. É
praticamente dada, mas é melhor ficar nas mãos de uma pessoa conhecida…
- Tenho pena, meu amigo, mas
comprei há menos de duas semanas a máquina dos meus sonhos. Portanto não necessito
dessa…
- Mas pode ficar com ele e
vendê-la e ganhar um bom dinheiro…
- Então também você pode vende-la
e ser você a ganhar o dinheiro. Sugiro que discretamente, sonde entre os
clientes do restaurante, quem lhe pareça estar interessado em a comprar por um
preço justo…
- Ainda não consegui estacionar o
carro para levantar dinheiro. Tem algum que me empreste que eu pago-lhe quando
nos encontrarmos no restaurante?
- Também estou sem dinheiro, mas
há uma ATM ali dentro. Se deixar aqui o carro só para ir levantar o dinheiro,
ninguém vai multá-lo…
Ainda
eu não tinha acabado a frase e já o “dono do restaurante” tinha entrado no
carro, atirado a caixa para o banco ao lado do condutor e arrancado, a acelerar,
curvando à esquerda, altura em que um estrondo, denunciava a batida, num pino
de ferro, que amachucou a porta traseira direita do Mercedes. E lá foi
praguejando, sem parar, enquanto eu ria a bom rir…
A
história só não pegou, provavelmente, porque, em função das anteriores
situações, comecei a desconfiar da insistência em pormenores que não poderia
confirmar de imediato; tive a confirmação de que era tentativa de burla com a
oferta da pechincha.
4
– Um dia de manhã, em Outubro ou Novembro do ano passado, na Praça do Bocage,
em Setúbal, na zona de estacionamento, frente ao Clube de Oficiais, pára um
carro, conduzido por um indivíduo novo, com uma rapariga ao lado, que, à
primeira vista, seria namorada. O condutor, dirigindo-se a mim:
- Então como vai? Já não o via há
muito tempo.
- Estou bem, muito obrigado…
- Já não me conhece! Sou o Rui,
que trabalhava na farmácia onde é cliente! De repente esqueci o seu nome…
- Manuel…
- Exactamente, um nome tão
conhecido e agora não me lembrava!
- Mas olhe que deve estar
enganado. Na farmácia há efectivamente um empregado chamado Rui, mas nem sequer
é parecido consigo. Se calhar é outra farmácia, está a confundir-me com alguém
com o mesmo nome…
- Não, senhor Manuel! O Rui que
você diz, foi o que entrou para me substituir…
- Mas eu sempre me lembro dele na
farmácia…
- Porque pouco depois de ter
começado a ser freguês da farmácia eu saí e estou agora na Vorten. Se precisar
de comprar lá alguma coisa, mande chamar-me se quiser ajuda… Já agora, tenho
aqui isto, que lhe posso oferecer…
- Não é preciso, muito obrigado!
Amanhã ou depois, passo pela Vorten. Até breve!
E
afastei-me…
Pontos
fracos: muitos, mas o meu nome falso, confirmado de imediato pelo burlão, foi
suficiente para não me deixar qualquer dúvida.
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Alvos mais apetecíveis (foto do Google) |
Por
sorte – ou por andar de “pé atrás” com conhecimento outras de burlas que, em
comum com estas tentativas tinham o facto de os indivíduos nos quererem fazer
crer que são nossos conhecidos que já esquecemos, deslocarem-se em carro, e
trazerem qualquer coisa para nos oferecerem –, não caí no “conto de vigário”.
Desprevenido, talvez tivesse caído na primeira tentativa.
Numa
abordagem desta natureza, aconselho a que tome as seguintes atitudes e decisões:
1 – Cada vez que eles procurem
“lembrar-se” de qualquer coisa ou pormenor, sugira-lhes um dado falso;
2 – Nunca pegue na ”prenda”;
3 – Vá conferindo, mentalmente a
conversa, procurando contradições;
4 – Mantenha sempre a declaração
que não se lembra deles;
5 – Nunca mostre dinheiro ou
qualquer objecto que lhe peçam em pagamento ou a título de empréstimo;
6 – Afaste-se deles quando passe
alguém perto de si;
7 – Apresente queixa na Polícia,
dando informação, tão completa quanto possível, do aspecto dos indivíduos e os
possíveis dados relativos ao carro (cor, marca e, caso consiga, memorize a
matrícula).
Andam
por aí vários burlões/ladrões, em acção, designadamente, no Bairro do Liceu,
Avenida Luísa Todi, etc.
Estejamos
prevenidos e atentos!
Setúbal, 7 de Junho de 2013
Paulo Eusébio.
Este texto foi escrito em Português. Se os
“acordistas” o quiserem compreender, ainda
estão a tempo de aprender a Língua Pátria. (Decreto n.º 35:228 de 8 de Dezembro
de 1945)